sexta-feira, 3 de julho de 2020

Sobre não Sermos Previsíveis




Quantas vezes acordamos com vontade de fazer algo que realmente nos traria satisfação, mas não fazemos. Talvez por medo ou receio do que iriam falar. Talvez por acharmos que não compensa ou não iria ser tão legal assim. Ou simplesmente por não termos a disposição, a coragem e a vontade necessária para irmos atrás daquilo que buscamos. "Alerta", este não é um texto de autoajuda, é só sobre uma inspiração que veio de uma frase, que por acaso eu ouvi em algum filme e que agora não me lembro em qual foi.

Quando foi a última vez que fizemos algo realmente diferente e emocionante em nossas vidas? Quantas vezes por semana ousamos fazer algo diferente, algo surpreendente, algo que nos desafiaria? Ficamos por muitas vezes acomodados e sentados em cima daquilo que nos é fácil. Cobrimos o fácil com um edredom quentinho, fechamos a janela para não deixá-lo escapar, colocamos cerca elétrica, aumentamos o muro e adotamos um cachorro enorme, tudo para defender nosso mundo de facilidades.

O cômodo não precisa de explicações, é simplesmente fácil de se estacionar nele, é fácil entrar e sair, é fácil dormir e acordar, enfim, está tudo pronto, é só continuar vivendo e fazendo tudo igual para não termos trabalho. Basta colocarmos nosso despertador no mesmo horário, fazermos sempre as mesmas coisas, andarmos sempre com as mesmas pessoas, não nos darmos a chance de conhecer pessoas diferentes, termos sempre o mesmo itinerário, andarmos sempre pelas mesmas ruas. É simples continuarmos a sermos sempre iguais. Difícil é ser ousado e fazer algo diferente, ser alguém diferente.

Geralmente temos medo da mudança, medo do novo e aceitamos o velho mesmo. É o famoso simples que dá certo. Mas se não queremos mais o simples, se queremos algo a mais, ou queremos algo que sempre sonhamos, é preciso audácia, é preciso ser destemido(a), sair do conforto das coisas rotineiras que nos cercam. Muitos sucessos não são alcançados só porque temos medo de que não dê certo, ou pelo receio de algum tipo de pensamento minimalista que nos cerca. Muitas coisas são inventadas e esquecidas em gavetas, porões, casas abandonas ou esquecidas em pensamentos que deixamos de por para fora (os pensamentos vêm e achamos que seria uma completa idiotice e depois esses pensamentos se perdem no meio de um vazio de outros pensamentos). Então, um certo dia, vemos em algum lugar alguém fazendo exatamente aquilo que achamos que seria chato, e aí pensamos: Eu deixei de por pra fora aquele pensamento e outra pessoa o fez por mim.

Enquanto continuarmos nos cercando de medos inexistentes, de falsas vergonhas, enquanto continuarmos a viver em uma bolha de comodismo e não ousarmos, seremos sempre os mesmos. Continuaremos previsíveis e fáceis de se decifrar. Teremos sempre os mesmos papos, os mesmos jeitos, mesmos gostos e seremos sempre um refresco sem açúcar. O medo vai sempre estar aí para todo mundo, resta querermos enfrentá-lo ou não. É preciso sairmos da nossa zona de conforto, vermos as coisas de uma outra maneira - antes que algo nos force a enxergarmos as coisas de uma outra perspectiva. Muitas pessoas passam por traumas e passam a ter coragem de enfrentar um desafio, passam a valorizar outras coisas que antes desprezavam. Mas não precisamos esperar que algo assim aconteça para tomarmos atitude e fazermos aquilo que sempre tivemos vontade. Não é preciso perder algo para se ter vontade de vencer. Basta enfrentarmos o nosso medo e seguir em frente seja lá o que vier para impedir o nosso crescimento.

 

João Paulo Pinheiro Tonon

joaozinhopinheiro.escritor@gmail.com

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